Políticas e programas de atividade física: uma crítica à luz da promoção da saúde.
Palavras-chave:
Saúde, Saúde Coletiva, Políticas de SaúdeResumo
O conceito de promoção da saúde apresenta diversas interpretações, reunidas em duas vertentes, uma de enfoque comportamental e outra de enfoque ampliado, integrado. Essa diversidade de interpretações resulta, em muitos momentos, na fragilidade do conceito na realidade das práticas de saúde, quando na ocasião da constituição teórica de programas e políticas adota-se determinado conceito e em segundo momento demonstra em suas ações e práticas aproximação com outro modelo. O presente estudo objetivou analisar as ações promovidas por programas de atividade física sob a ótica dos conceitos de promoção de saúde, bem como o papel do usuário e do profissional. Foi realizada revisão de literatura por meio de pesquisa bibliográfica nas bases de dados LILACS e SciELO. Foram analisadas 29 publicações. Os programas descritos apresentam entre suas atividades desenvolvidas, ações educativas por meio de distribuição de material educativo, palestras e oficinas multidisciplinares (85%); prática de atividade física regular (75%), em sua maioria grupos de ginástica e de caminhada; prática de atividade física esporádica (25%), por meio de eventos; como também, ações de ampliação de espaço público para lazer (25%). Em sua maioria, os profissionais de saúde apresentavam papel prescritivo e de detentores do conhecimento, tornando o usuário passivo frente a essas ações. Os programas de atividade física estão em sua maioria voltados unicamente para mudanças de estilo de vida, retratando o enfoque comportamental, responsabilizando o usuário pela não adoção dessas mudanças. É necessário ampliar a visão de saúde e o conceito de promoção de saúde, para que seja evitada a culpabilização do usuário e promovida autonomia, habilidade pessoais e atitudes saudáveis; como também para que seja possível a articulação com outros fatores que influenciam a promoção de saúde, como a construção de ambientes favoráveis, bem como o desenvolvimento de políticas públicas e fortalecimento da ação comunitária.
Abstract: The concept of health promotion has several interpretations, assembled in two parts, one is the behavioral/conservative approach and other is an expanded/integrated approach. This diversity of interpretations results, in many instances, in the weakness of the concept at the reality in health practices, when, in the moment of theoretical establishment of programs and policies, it’s used certain concept and on a second moment, it’s showing the actions and practices that are closed to the other concept. The present study aims to analyze the actions promoted by physical activity programs from the perspective of the concepts of health promotion, as well as from the users and from the professional’s role. Literature review through literature research was performed in LILACS and SciELO, where 29 publications were analyzed. The programs analyzed were based on: educational activities through the distribution of educational materials, lectures and multidisciplinary workshops (85%); regular practice of physical activity (75%), where the greatest part are gymnastics and fitness walk groups; sporadic practice of physical activity (25%), through events; as well as actions to expand leisure public space (25%). Most of health professionals were prescriptive and knowledge holders, making the users passive in these actions. The majority of the physical activity programs are focused in changing the lifestyle, portraying the behavioral approach, blaming the user for not adopting these changes. It is necessary to expand the vision of health and the concept of health promotion, avoid blaming the user promoting autonomy, personal skills and healthy attitudes; and also provide the interaction with other factors that influence health promotion, as building supportive environments, as well as the development of public policies, and strengthening of community action.
Keywords: Health Promotion; Public Policies; Motor Activity.
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