O parto é nosso: Autonomia da mulher em trabalho de parto e parto sob o ponto de vista de médicos obstetras humanizados em uma cidade catarinense.

Autores

Palavras-chave:

Parto Humanizado, Autonomia pessoal, Violência contra a mulher

Resumo

A presente pesquisa visou analisar a percepção de quatro obstetras a respeito da autonomia da mulher em trabalho de parto e parto no atendimento humanizado. Entendemos que para agir com autonomia, a mulher deve se sentir competente após compreender a informação e ter a liberdade de decidir. Objetivo: Analisar a existência ou não de autonomia feminina, como ela ocorre e qual é o papel do médico obstetra nesse contexto. Metodologia: Entrevistas com roteiro semi aberto e análise de discurso. Resultados: Concluímos que nem mesmo  em  um  hospital  humanizado  há garantia  de  autonomia  para  a  parturiente,  nem  de  relações  sem violência, pois o ambiente hospitalar possui regras e condutas específicas para resguardar a equipe e a instituição, dentro de um sistema que hierarquiza os sujeitos ali inseridos. Por mais heterodoxos que os obstetras entrevistados sejam dentro do campo médico, eles estão dentro deste e para tal estabelecem condutas e habitus que estruturam a instituição hospitalar e as suas próprias ações. Conclusões: No contexto do parto humanizado, é percebido através das entrevistas que para a mulher conseguir fazer valer seu poder decisório, é preciso que exista a validação do médico ou a ela é permitido decidir questões ínfimas, portanto, não é uma decisão autônoma por si. Observa-se que há uma maior possibilidade de agir com autonomia quando a mulher grávida tem suporte financeiro que a permita contratar uma equipe de sua escolha, quando opta por um parto em um ambiente extra hospitalar e quando este é realizado com o atendimento prestado por enfermeiras obstetrizes. Portanto, é necessário esclarecer que também há um recorte econômico e de classe quando falamos de autonomia feminina, pois esta não engloba as mulheres como um todo, principalmente as mulheres atendidas pelo sistema público de saúde.

Biografia do Autor

Raphaela Rezende Nogueira Rodrigues, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestranda em Saúde Coletiva, Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarinas.

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Publicado

2020-08-17

Como Citar

Nogueira Rodrigues, R. R. (2020). O parto é nosso: Autonomia da mulher em trabalho de parto e parto sob o ponto de vista de médicos obstetras humanizados em uma cidade catarinense. aúde & Transformação ocial ealth ∓ ocial hange, 10(1/2/3), 112–121. ecuperado de https://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/4846

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