A discriminação no ambiente universitário: quem, onde e por quê?

Autores

  • Luíza Maria da Rocha Zunino
  • João Luiz Dornelles Bastos Departamento de Saúde Pública - Universidade Federal de Santa Catarina
  • Isabela Zeni Coelho Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis- SC
  • Fernando Mendes Massignam Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal de Santa Catarina

Palavras-chave:

discriminação, estudantes universitários, inquérito, frequência.

Resumo

Investigou-se uma amostra de 1.023 graduandos da Universidade Federal de Santa Catarina, analisando-se aspectos relativos à discriminação, conforme curso, idade, sexo, cor/raça, posição socioeconômica e acesso por ações afirmativas. A frequência de discriminação foi de 65,8%, sendo mais elevada nos estudantes de História, Pedagogia e Psicologia. Indivíduos mais velhos, mulheres, de pior posição socioeconômica, pretos e pardos e ingressantes por ações afirmativas relataram frequências mais altas de experiências discriminatórias. As situações de discriminação mais comuns foram rotulação com termos pejorativos, exclusão por colegas, tratamento inferior em estabelecimentos comerciais e ser considerado incapaz na escola ou universidade. Os motivos mais relatados foram tipo comportamento ou hábito, idade e forma de vestir, observando-se menção de múltiplas razões por parte expressiva dos entrevistados.

Biografia do Autor

Luíza Maria da Rocha Zunino

Psicóloga pela Universidade Federal de Santa Catarina

João Luiz Dornelles Bastos, Departamento de Saúde Pública - Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas, Professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina

Isabela Zeni Coelho, Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis- SC

Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Santa Catarina, Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis/Santa Catarina

Fernando Mendes Massignam, Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva - Universidade Federal de Santa Catarina

Especialista em Saúde da Família; Mestre e Doutorando em Saúde Coletiva - (PPGSC) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Referências

Dovidio J, Hewstone M, Glick P, Esses V. Prejudice, stereotyping and discrimination: theoretical and empirical overview. In: DOVIDIO J, HEWSTONE M, GLICK P, ESSES V, editors. The Sage handbook of prejudice, stereotyping and discrimination. London: SAGE; 2010. p. 3-28.

Correll J, Judd C, Park B, Wittenbrink B. Measuring prejudice, stereotypes and discrimination. In: Dovidio JF, Hewstone M, Glick P, Esses VM, editors. The Sage handbook of prejudice, stereotyping and discrimination. London: SAGE; 2010. p. 45-62.

Duckitt J. Historical overview. In: DOVIDIO J, HEWSTONE M, GLICK P, ESSES V, editors. The Sage handbook of prejudice, stereotyping and discrimination. London: SAGE; 2010. p. 29-44.

Motta R. Paradigmas de interpretação da relações raciais no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos. 2000;22(38):113-33.

Azevêdo E. Raça: conceito e preconceito. São Paulo: Ãtica; 1987.

Barros JDA. A construção social da cor: diferença e desigualdade na formação da sociedade brasileira. Petrópolis: Vozes; 2009.

Fry P. A persistência da raça: ensaios antropológicos sobre o Brasil e a Ãfrica Austral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2005.

Hasenbalg CA. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro: Graal; 1979.

Sansone L. Negritude sem etnicidade: o local e o global nas relações raciais e na produção cultural negra do Brasil. Rio de Janeiro: EDUFBA Pallas; 2004.

Sansone L. As relações raciais em Casa-Grande & Senzala revisitadas à luz do processo de internacionalização e globalização. In: MAIO MC, SANTOS RV, editors. Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006. p. 207-17.

Crenshaw KW. The intersection of race and gender. Mapping the margins: intersectionality, identity politics, and violence against women of color. In: Crenshaw KW, Gotanda N, Peller G, Thomas K, editors. Critical race theory: the key writings that formed the movement. New York: New Press; 1995. p. 357-83.

Crenshaw KW. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação racial relativos ao gênero. Revista de Estudos Feministas. 2002;10(1):171-88.

Pager D. Medir a discriminação. Tempo Social. 2006;18(2):65-88.

Bastos JL, Celeste RK, Faerstein E, Barros AJ. Racial discrimination and health: a systematic review of scales with a focus on their psychometric properties. Social Science & Medicine. 2010;70(7):1091-9.

Bastos JL, Celeste RK, Faerstein E, Barros AJ. Discriminação racial e saúde: uma revisão sistemática de escalas com foco em suas propriedades psicométricas. Saúde & Transformação Social. 2011;2(1):4-16.

Bastos JL, Faerstein E, Celeste RK, Barros AJ. Explicit discrimination and health: development and psychometric properties of an assessment instrument. Revista de Saúde Pública. 2012;46(2):269-78.

Brondolo E, Hausmann L, Jhalani J, Pencille M, Atencio-Bacayon J, Kumar A, et al. Dimensions of perceived racism and self-reported health: examination of racial/ethnic differences and potential mediators. Annals of Behavioral Medicine. 2011 Aug;42(1):14-28.

Dailey A, Kasl S, Holford T, Lewis T, Jones B. Neighborhood-and individual-level socioeconomic variation in perceptions of racial discrimination. Ethnicity & Health. 2010;15(2):145-63.

Kessler R, Michelson K, Williams D. The prevalence, distribution, and mental health correlates of perceived discrimination in the United States. Journal of Health and Social Behavior. 1999;40(3):208-30.

Pachter L, Bernstein B, Szalacha L, Garcia-Coll C. Perceived racism and discrimination in children and youths: an exploratory study. Health & Social Work. 2010 Feb;35(1):61-9.

Pérez DJ, Fortuna L, Alegría M. Prevalence and correlates of everyday discrimination among US Latinos. Journal of Community Psychology. 2008;36(4):421-33.

Ro A, Choi KH. Social status correlates of reporting gender discrimination and racial discrimination among racially diverse women. Women Health. 2009 Jan-Feb;49(1):1-15.

Seaton E, Caldwell C, Sellers R, Jackson J. The prevalence of perceived discrimination among African American and Caribbean Black youth. Developmental Psychology. 2008 Sep;44(5):1288-97.

Todorova I, Falcón L, Lincoln A, Price LL. Perceived discrimination, psychological distress and health. Sociology of Health & Illness. 2008;32(6):843-61.

Tran A, Lee R, Burgess D. Perceived discrimination and substance use in Hispanic/Latino, African-born Black, and Southeast Asian immigrants. Cultural Diversity & Ethnic Minority Psychology. 2010 Apr;16(2):226-36.

Vines A, Baird D, Mcneilly M, Hertz-Picciotto I, Light K, Stevens J. Social correlates of the chronic stress of perceived racism among Black women. Ethnicity & Disease. 2006;16(1):101-7.

Paradies Y, Cunningham J. Experiences of racism among urban Indigenous Australians: Findings from the DRUID study. Ethnic and Racial Studies. 2009;32(3):548-73.

Lin D, Li X, Wang B, Hong Y, Fang X, Qin X, et al. Discrimination, perceived social inequity, and mental health among rural-to-urban migrants in China. Community Mental Health Journal. 2011;47(2):171-80.

Borrell C, Muntaner C, Gil-González D, Artazcoz L, Rodríguez-Sanz M, Rohlfs I, et al. Perceived discrimination and health by gender, social class, and country of birth in a Southern European country. Preventive Medicine. 2010;50(1-2):86-92.

Faerstein E, Bastos JL, Fonseca MdJM, Lopes CS, editors. Padrões de discriminação no Estudo Pró-Saúde: Quem? Onde? Por quê? VIII Congresso Brasileiro de Epidemiologia; 2011; São Paulo: Associação Brasileira de Saúde Coletiva.

Gonçalves H, Dumith SC, González DA, Menezes AM, Araújo CL, Hallal PC, et al. Discriminação autorrelatada por adolescentes de uma coorte de nascimentos brasileira: prevalência e associações. Revista Panamericana de Saúde Pública. 2012 Mar;31(3):204-10.

Macinko J, Mullachery P, Proietti FA, Lima-Costa MF. Who experiences discrimination in Brazil? Evidence from a large metropolitan region. International Journal for Equity in Health. 2012;11(1):1-11.

Chauí M. A universidade pública sob nova perspectiva. Revista Brasileira de Educação. 2003;24:5-15.

Tragtenberg MHR, Bastos JLD, Nomura LH, Peres MA. Como aumentar a proporção de estudantes negros na universidade? Cadernos de Pesquisa. 2006;36(128):473-95.

Comissão para ampliação do acesso com diversidade socioeconômica e étnico-racial da UFSC. Ampliação do acesso com diversidade socioeconômica e étnico-racial na UFSC: considerações preliminares. 2006.

Barros AJD, Víctora CG. Indicador econômico para o Brasil baseado no censo demográfico de 2000. Revista de Saúde Pública. 2005;39(4):523-9.

Bastos JL, Faerstein E. Discriminação e saúde: perspectivas e métodos. 1. ed ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2012.

Shariff-Marco S, Breen N, Landrine H, Reeve B, Krieger N, Gee G, et al. Measuring everyday racial/ethnic discrimination in health surveys. Du Bois Review. 2011;8(1):159-77.

Krieger N, Smith K, Naishadham D, Hartman C, Barbeau E. Experiences of discrimination: validity and reliability of a self-report measure for population health research on racism and health. Social Science & Medicine. 2005 Oct;61(7):1576-96.

Setton MdGJ. A divisão interna do campo universitário: uma tentativa de classificação. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. 1999;80(196):451-71.

Telles EE. Racismo à brasileira: uma nova perspectiva sociológica. Rio de Janeiro: Relume Dumará; 2003.

Marger M. Race and ethnic relations: American and global perspectives. Belmont: Wadsworth; 2009.

Bastos JL, Gonçalves H, Faerstein E, Barros AJ. Experiências de discriminação entre universitários do Rio de Janeiro. Revista de Saúde Pública. 2010 Feb;44(1):28-38.

Carvalho JJ. Inclusão étnica e racial no Brasil: a questão das cotas no ensino superior. São Paulo: Attar Editorial; 2005.

Cecchetto F, Monteiro S. Discriminação, cor e intervenção social entre jovens na cidade do Rio de Janeiro (RJ, Brasil): a perspectiva masculina. Revista de Estudos Feministas. 2006;14(1):199-218.

Monteiro S, Cecchetto F. Cor, gênero e classe: dinâmicas da discriminação entre jovens de grupos populares cariocas. Cadernos Pagu. 2009;32(39):301-29.

Machado EA, Barcelos LC. Relações raciais entre universitários no Rio de Janeiro. Estudos Afro-asiaticos. 2001;23(2):1-36.

Downloads

Publicado

2016-05-02

Como Citar

Zunino, L. M. da R., Bastos, J. L. D., Coelho, I. Z., & Massignam, F. M. (2016). A discriminação no ambiente universitário: quem, onde e por quê?. aúde & Transformação ocial ealth ∓ ocial hange, 6(1), 013–030. ecuperado de https://incubadora.periodicos.ufsc.br/index.php/saudeetransformacao/article/view/3595

Edição

Seção

Artigos originais